gravei teu nome num grão de arroz, cozinhei, comi
começo e fim
terça-feira, 22 de outubro de 2013
domingo, 20 de outubro de 2013
mensurável
os lugares da memória não cabem nos lugares reais
o ontem, tão maior que hoje; o hoje, tão menor que amanhã
o ontem, tão maior que hoje; o hoje, tão menor que amanhã
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
música de elevador
se tivéssemos nos encontrado no elevador, seria um oi ou um bom dia, eu olharia os seus pés e você, os meus joelhos, ao som de uma música romântica dos anos noventa. mas nos encontramos na urgência, na chuva corre mais que o perene, só cabe aos olhos outros olhos, ao som cabe o silêncio, fugaz é mais longo que do décimo andar ao primeiro, que seja eterno, o passageiro.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
respiros
cortar as unhas; olhar o teto por três minutos interruptos; ler um capítulo inteiro em voz alta; ocupar um canto nunca antes ocupado da casa; deitar no chão; dançar; preencher os potes vazios, esvaziar os cheios; estalar os dedos; deslizar no corredor; organizar os temperos da cozinha; vestir uma roupa antiga; pequenos tempos meus.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
primitivo
exibiam os dentes ao mostrar simpatia, consideravam carinhosa a deformação facial: cerrar os olhos e franzir narizes. era educado mostrar os dentes em resposta e, por vezes, soltar um barulho peculiar com a boca aberta - uns estridentes, outros tímidos - movimento contagioso que se propagava por quase todo o grupo.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
km
quis te falar em qualquer língua que não fosse a sua ou a minha, sem que entendêssemos nada, mas conseguíssemos nos expressar completamente nesse dialeto desconhecido. não cabia o silêncio, por mais sincero que fosse. quis te falar de números, medidas e linhas, qualquer coisa mensurável que não medisse o amor. não cabia o toque, por mais natural que fosse. quis te falar da necessidade da presença, da saudade e da ausência . não cabia o longe, por mais distante que fosse.
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