segunda-feira, 29 de julho de 2013

saldo de hoje

quase-atropelamento: dois
ruas antes desconhecidas agora devidamente desbravadas: sete
chás: três
espirros: uns trinta
vasos pintados: dois e meio
armários organizados: zero
dinheiro emprestado: dois e vinte e cinco
e-mails cara de pau: quatro
telefonemas difíceis: um
chocolate: zero
meias: quatro
mentiras: uma e meia 
(somar mais uma)
grampos perdidos: uns cinco
dinheiro sacado: vinte
livros começados: um/ terminados: menos três
coisas que eu deveria ter feito e fiz: uma 
garrafas de vinho: uma
discos: três
saudade: sim

domingo, 21 de julho de 2013

o espaço

achei um texto que escrevi em 2001, aos dez anos, com previsões para 2018. apesar de uns cálculos confusos em relação à minha idade (não nasci pra matemática), ou uma quebra de espaço/tempo (possível, mas não especificada na história), espero que daqui à cinco anos, eu me encontrasse em uma lanchonete intergaláctica, tomando uns bons drinks e paquerando uns alienígenas interessantes.




porre conceitual

beber para preencher o vazio existêncial,
acordar com a mais mundana das ressacas

sábado, 20 de julho de 2013

zero oitocentos

sábado. horário que ainda poderia estar dormindo, e eu acordada, precisando ligar para esses zero oitocentos da vida, para resolver problemas e burocracias do mundo pseudo-crescido de ter contas em seu nome. se meu humor já não está aquelas coisas - eu em casa, acordando quase meio-dia - o que será do humor e da boa vontade da pessoa do outro lado da linha, trabalhando em pleno sábado de sol. liguei esperando o pior. para minha surpresa, uma moça simpática me atendeu, com uma voz tranquila e toda paciência do mundo. trocamos risadas, durante a resolução do meu problema. me disse para eu retornar a ligação, qualquer outra coisa, que ela estaria lá até às quatro da tarde. desliguei. agora estou aqui pensando se não deveria retornar, perguntando se ela mora em são paulo e se não topa tomar uma cerveja depois do expediente, pra ver se ela me ajuda a resolver os outros problemas da vida.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

terça-feira, 16 de julho de 2013

água

achava graça em naufragar, transbordar de si, se afogar em nós. desaguou no mar feito rio. o corpo solúvel. o amor dissolvido. é líquido, o fim. a água e seu silêncio quase-segredo. (sussurro). era paz.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

futuro

eu e o meu pai no carro:

- cá, você ta em que ano da faculdade mesmo?
- no quarto, pai.
- e você se forma quando?
- se tudo der certo, ano que vem.
- nos dois? 
- nos dois.
- e você já sabe o que vai fazer depois que você se formar?
- não faço ideia, pai.
- nenhuma, nenhuma ideia, cá? 
- nenhuma.
- vixe.

pois é, vixe.

domingo, 14 de julho de 2013

radiografia

eu incendiei todas as suas cartas. escondi as fotografias e os nossos planos em caixas, no fundo do armário. mas guardei (com carinho) as radiografias dos seus cachorros. ah, o amor e seus resquícios em nossos corpos, gavetas, paredes, quartos, histórias, em nossos defeitos, medos, paixões, na saudade, no peito.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

libra

gostaria de deixar registrado o meu profundo agradecimento às pessoas que inventaram essas coisas três/dois-em-um, meio-a-meio, ou que englobe várias opções em uma só, tipo: casquinha mista, sorvete napolitano, pizza com dois sabores, bolsa dupla-face, canivete, trailer (linda essa coisa de carro/casa), short-saia, bissexualidade, sofá-cama, coisas furtacor, um objeto de plástico que eu tenho que é garfo/colher/faca, relacionamento aberto, base que também é protetor solar, ménage à trois, calça que vira bermuda, trakinas meio a meio, entre outros. obrigada, vocês facilitaram muito a vida das pessoas indecisas, como eu, e diminuem o drama nas pequenas escolhas diárias.

escavação

 é preciso cavar mais fundo, mais dentro, para expor o avesso

quinta-feira, 4 de julho de 2013

dentro

tocava uma valsa no seu pulmão esquerdo. brotou uma flor na garganta. era primavera nos rins e outono no fígado. o estômago repleto de borboletas. no peito, um samba. disritmia no contratempo.

saldo

uma decepção amorosa a mais
uma paixão platônica a menos