terça-feira, 27 de agosto de 2013

valsa da calçada

eu não sei desviar das pessoas na rua. tudo piora exponencialmente quando tem guarda-chuvas envolvidos. faço contato visual de longe, busco um sinal de direcionamento da outra pessoa, tento me decidir pela esquerda ou direita, tudo em vão. quanto mais perto, mais indecisão. decido me entregar à escolha do desconhecido, ele que assuma os passos, o lado, a via. quando escolhido, é magnético e incontrolável, meu corpo tende ao encontro. se a pessoa vai pra direita, vou eu também. se é pra esquerda, te acompanho. e me flagro pensando (entre os dois-pra-lá-dois-pra-cá da dança do desvio) qual seria a reação da pessoa se por acaso eu a tomasse pela cintura, e a conduzisse na valsa da calçada. um empurrão? susto, surpresa, sorriso? acabo sorrindo eu, e pedindo desculpa - sou de libra, moça - e vou valsando sozinha.

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